Médico-veterinário coordena a produção de soro hiperimune para tratamento da Covid-19
28 de maio de 2020 – Atualizado em 28/05/2020 – 1:32pm
O Instituto Vital Brazil (IVB), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro e instituição centenária com vasta expertise em Saúde Pública, começou, hoje, 27/05, a primeira etapa de testes para um novo tratamento contra o coronavírus (SARS-Cov-2), que causa a Covid-19, na Fazenda Vital Brazil, em Cachoeiras de Macacu (RJ).
Trata-se da produção de um soro hiperimune feito a partir da inoculação do vírus em cavalos para a criação de anticorpos. Para esta primeira fase piloto, pesquisadores do IVB irão inocular 10 cavalos com dois tipos de antígenos: cinco com a proteína S do vírus SARS-Cov-2, e outros cinco com o vírus inativado. De 4 a 6 semanas, será o período de inoculação e observação para acompanhar a curva de produção de anticorpos nos animais.
O método é semelhante ao usado para a produção de soros, como o utilizado contra a raiva ou contra venenos de animais peçonhentos, feitos a partir do plasma de cavalos. Segundo o IVB, o soro hiperimune atuará na fase inicial da infecção, no controle da replicação do vírus no organismo do paciente.
Para esta primeira fase de testes, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) isolou e inativou o vírus do novo coronavírus para que a inoculação fosse feita de forma segura nos animais. Também são parceiros na iniciativa a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (Idor).
Tratamento da Covid-19
Após esta primeira fase de inoculação de antígenos em cavalos, o soro hiperimune produzido passará por um processo industrial até chegar a forma do soro como conhecemos. A liberação para testagem em seres humanos deve levar de 4 a 6 meses para acontecer.
Porém, como explica o médico-veterinário e vice-presidente do IVB, Luis Eduardo Ribeiro da Cunha, o medicamento estará disponível para atender profissionais da saúde que estiverem com exposição alta à Covid-19 e que já apresentem sintomas leves da doença, pacientes em estágio mais adiantado e pessoas imunodeprimidas. “O soro hiperimune é uma opção terapêutica importante, mas com uso bem específico”, afirma o médico-veterinário.
Saúde Única
Esta iniciativa do Instituto Vital Brazil exemplifica bem a intersecção entre as saúde humana, saúde animal e saúde ambiental, constituindo o conceito de Saúde Única, preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), no qual o trabalho do médico-veterinário é primordial.
À frente desta primeira fase dos testes, está o médico-veterinário Luis Eduardo Ribeiro da Cunha, que também é presidente da Comissão Estadual de Biotecnologia e Biossegurança, do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Rio de Janeiro (CRMV-RJ).
O médico-veterinário coordenou toda a elaboração dos protocolos de imunização, que compreendem os processos de inoculações, sangria e a produção do soro hiperimune, juntamente com uma equipe multiprofissional que conta, ainda, com o trabalho de mais oito médicos-veterinários.
“Com certeza o médico-veterinário, com todo o seu conhecimento em virologia e imunobiologia, é importantíssimo neste projeto. Desde todo o conceito de saúde única, levando em consideração até mesmo a origem do vírus, que pode ser uma zoonose, passando pela sanidade e o bem-estar dos animais, a produção do soro hiperimune e o controle de qualidade”, destaca o médico-veterinário e vice-presidente do IVB, Luis Eduardo Ribeiro da Cunha.
Bem-estar animal
O médico-veterinário explica que o cavalo é a espécie animal mais recomenda para este tipo de produção de soro hiperimune por ser encontrado facilmente em todo o mundo, o que permite uma padronização do soro, além de ser um excelente doador de sangue.
Durante todo o processo de inoculação dos antígenos, o bem-estar animal está presente, de acordo com o vice-presidente e coordenador do projeto, Luis Eduardo Ribeiro da Cunha, “os cavalos são bem tratados e bem alimentados, além da questão sanitária. Tomamos todos os cuidados para que o organismo não seja afetado. As hemácias voltam para o corpo do animal, porque o que nos interessa é o plasma que é o material-base do nosso trabalho”.
Fonte: Assessoria de Comunicação CRMV-RJ