Entrevista Laura Cunha – Fogos Artifício – Diário da ALMT
24 de fevereiro de 2025 – Atualizado em 24/02/2025 – 7:16pm
Impacto dos Fogos de Artifício com Estampido na Vida dos Animais e da Sociedade
Mesmo com a legislação estadual que proíbe o uso de fogos de artifício com estampido, muitos ainda ignoram os impactos negativos dessa prática, principalmente para os animais. Com audição muito mais sensível que a dos humanos, cães e gatos podem sofrer dor, lesões auditivas, estresse extremo e reações desesperadas, como fugas e automutilação. Em casos graves, o medo pode resultar em paradas cardíacas e óbito.
A médica veterinária Laura Cunha, presidente da Comissão de Pequenos Animais do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Mato Grosso (CRMV-MT), destaca que, além dos animais domésticos, os fogos com estampido afetam pessoas com transtorno do espectro autista (TEA), idosos e pacientes neurológicos, que são especialmente sensíveis a sons abruptos e intensos. “O barulho intenso causa sensação de ameaça e medo, levando os animais ao desespero. Infelizmente, já registramos casos de cães que, em pânico, pularam de edifícios para fugir do ruído”, alerta.
A orientação para os tutores é minimizar o impacto sonoro, fechando portas e janelas, ligando televisores ou rádios com volumes moderados para disfarçar os ruídos externos e evitando deixar os animais sozinhos. “Nunca prenda o animal com correntes ou em espaços pequenos. Dar brinquedos ou petiscos pode ajudar a desviar a atenção”, recomenda Laura Cunha.
Métodos alternativos, como terapias naturais e medicamentos fitoterápicos prescritos por médicos veterinários, também podem auxiliar na redução da ansiedade dos animais. Um dos técnicas utilizadas é o uso de faixas ortopédicas atadas em pontos estratégicos do corpo do pet, o que proporciona sensação de segurança e conforto. Esse método, baseado na pressão suave exercida pela faixa, ajuda o animal a sentir-se mais protegido, reduzindo a ansiedade e o medo.
Embora a legislação já esteja em vigor, a fiscalização enfrenta desafios e a conscientização da população é essencial para que a proibição seja respeitada. “Precisamos de campanhas educativas que incentivem o uso de fogos silenciosos e ajudem a transformar essa tradição, tornando-a menos prejudicial a todos”, conclui a veterinária.
A prática de soltar fogos com estampido, ainda enraizada na cultura brasileira, precisa ser revista. Com alternativas mais seguras e conscientes, é possível celebrar datas festivas sem comprometer o bem-estar dos animais e de pessoas sensíveis ao barulho.
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