FAO e WVA de olho no impacto da pandemia da covid-19 na produção animal
17 de julho de 2020 – Atualizado em 17/07/2020 – 7:15pm
Com foco na cadeia de suprimentos de proteínas de origem animal, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, sigla em inglês) divulga o Guia para mitigar o impacto da pandemia de covid-19 na produção e na saúde animal (contéudo em inglês).
As restrições de viagens e o controle de fronteiras por conta da pandemia fazem o setor buscar alternativas para transferir animais vivos e garantir o abastecimento de produtos de origem animal, como leite, carne e ovos. Pensando nessas adversidades, a publicação da FAO traz recomendações práticas aos médicos-veterinários, criadores de gado, profissionais de matadouros e frigoríficos, bem como a articuladores políticos, visando reduzir o impacto na produção pecuária, evitando perda de vendas e desaceleração da atividade.
Com a eventual redução da capacidade de adquirir insumos necessários à produção ou restrição ao acesso à mão de obra e serviços profissionais, a FAO ainda destaca a necessidade de reforçar a vigilância sobre a sanidade do plantel. O alerta é para que o mercado não comprometa a prevenção e o controle de doenças infecciosas que já são monitoradas, como peste suína clássica e africana, febre aftosa e gripe aviária, entre outras.
WVA
Com a mesma preocupação, a Associação Mundial Veterinária (WVA, sigla em inglês) assinou a Carta Aberta sobre o Valor da Agricultura Animal (em inglês) com outros 75 parceiros.
Signatários do setor produtivo, das áreas de pesquisa e da academia destacam, no documento, como a pecuária está apoiando a nutrição global durante a pandemia da covid-19, com altos padrões de segurança alimentar e saúde pública. Leia abaixo íntegra da carta, traduzida para o português.
Assessoria de Comunicação do CFMV
Carta Aberta sobre o Valor da Agricultura Animal
Como a pecuária está apoiando a nutrição global, altos padrões de segurança alimentar e saúde pública durante a pandemia de covid-19
A crise do coronavírus colocou em foco o incrível desafio à saúde pública que nosso mundo enfrenta, e em nenhum lugar esse desafio é mais aparente do que na produção de alimentos. Nutrir o mundo durante esta crise é uma das principais prioridades das nações.
Nosso mundo precisa das contribuições da pecuária. Globalmente, 1,3 bilhão de pessoas dependem da pecuária para assegurar seu emprego, enquanto outros bilhões dependem dela para alimentar as suas famílias. A atividade pecuária fornece leite, carne, peixe e ovos em um momento em que o acesso a alimentos seguros, nutritivos e acessíveis se faz necessário para combater uma potencial crise global de fome e oferece apoio inestimável aos agricultores que enfrentam dificuldades econômicas graves, muitas vezes existenciais.
A origem precisa da covid-19 permanece sob investigação, mas as pesquisas em andamento confirmam que a produção de gado é segura e não teve um papel na propagação da doença. As evidências atuais apontam para uma transmissão de animais selvagens para seres humanos, alinhadas às pesquisas que mostram a maioria das doenças zoonóticas sendo originárias da vida selvagem.
No entanto, há alegações infundadas de que a agropecuária moderna foi, de alguma forma, a fonte da pandemia. Isso ameaça tirar o foco da resposta global da saúde pública, em um momento em que a pecuária pode oferecer lições para o gerenciamento das zoonoses oriundas da vida selvagem, como parte da preparação para uma pandemia a longo prazo.
Por exemplo, as doenças animais são monitoradas globalmente para impedir que se espalhem pelas fronteiras, como aconteceu com a covid-19. Os avanços nas boas práticas agropecuárias, com nutrição animal e diagnóstico médico-veterinário, implicam que muitas doenças zoonóticas, como Salmonella, são bem controladas na maioria dos países. Usar esses conhecimentos para desenvolver robustos sistemas de alerta precoce de monitoramento da vida selvagem podem melhorar nossa capacidade de detectar doenças emergentes.
É importante ressaltar que a produção pecuária é um sistema regulado e monitorado, tendo em sua essência a segurança alimentar e a saúde pública. Mesmo diante de desafios sem precedentes, as propriedades agropecuárias e as indústrias de alimentos tomam todas as precauções possíveis para garantir a segurança dos funcionários, de forma que eles possam cumprir suas funções para nos abastecer. Já os produtores continuam confiando na biossegurança, higiene, vacinação e outras ferramentas para controlar doenças nos animais.
O conhecimento e a experiência do setor pecuário podem ajudar a fortalecer a resposta global da covid-19 e enfrentar o crescente risco de insegurança nutricional.
Incentivamos as autoridades, grupos intergovernamentais e ONGs a apoiarem esses esforços para:
• Reafirmar a segurança da produção animal e lembrando aos consumidores sobre nosso robusto sistema de segurança alimentar, incluindo o importante papel dos médicos-veterinários e da nutrição animal.
• Refutar informações erradas que tentam gerar um elo entre a pecuária e a propagação da covid-19.
• Consultar especialistas em pecuária, incluindo produtores e outros participantes da cadeia de alimentos, para entender como apoiar seus esforços para alimentar as comunidades.
Durante essa pandemia, as propriedades rurais e a cadeia produtiva estão trabalhando incansavelmente para garantir que tenhamos alimentos seguros e acessíveis. É vital que a sociedade apoie esses esforços e use seus conhecimentos para construir um mundo mais resiliente no futuro.
Foto: Assessoria de Comunicação do CFMV