Palestra destaca a importância da regularização sanitária da produção de mel durante seminário em Sorriso

29 de abril de 2025 – Atualizado em 29/04/2025 – 10:14pm

No primeiro dia do 4º Seminário para o Desenvolvimento Agropecuário de Mato Grosso, realizado em 23 de abril, no auditório da Faculdade Atenas, em Sorriso, a M.Sc. Giovana Campos de Almeida, Auditora Fiscal Federal Agropecuária e chefe substituta da Divisão de Defesa Agropecuária da Superintendência Federal de Agricultura de Mato Grosso (SFA-MT/MAPA), ministrou palestra sobre a regularização sanitária da produção de mel, abordando os sistemas SIM, SISE, SISBI-POA e SIF.

Giovana destacou que a fiscalização sanitária de produtos apícolas é fundamental para garantir a qualidade dos alimentos, proteger a saúde pública e impulsionar o acesso dos pequenos produtores a novos mercados. Ela explicou que o selo SISBI-POA (Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal) é uma porta de entrada para o fortalecimento da cadeia produtiva em municípios que ainda não possuem inspeção estruturada, permitindo a equivalência dos serviços municipais aos padrões federais. “A implantação de sistemas de inspeção sólidos evita que produtos irregulares cheguem à mesa do consumidor e protege o apicultor de prejuízos econômicos e legais”, enfatizou Giovana.

Segundo ela, dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) apontam que mais de 200 tipos de doenças podem ser transmitidas por alimentos contaminados, reforçando a necessidade de controles sanitários rigorosos desde a produção.

Durante a exposição, a auditora explicou que, para os pequenos produtores de mel, a adesão a programas como o SISBI-POA é estratégica, pois viabiliza a comercialização interestadual sem necessidade de registro no SIF (Serviço de Inspeção Federal), procedimento mais custoso e exigente. “O selo SISBI permite que pequenos produtores comercializem legalmente seus produtos fora do município de origem, fortalecendo a economia regional e promovendo a segurança alimentar”, detalhou.

O público também foi alertado sobre o risco de doenças graves, como o botulismo, associadas ao consumo de alimentos contaminados. Um dos casos citados foi o de uma consumidora que contraiu a doença após ingerir mel sem inspeção adequada, evidenciando a importância da fiscalização.

Além de apresentar as bases legais e técnicas dos sistemas de inspeção, Giovana destacou a necessidade de incentivo a formação de consórcios intermunicipais e a formação de técnicos qualificados para atuarem na apicultura. Durante o debate, participantes relataram dificuldades no acesso à assistência técnica rural, principalmente devido às condições de estradas e falta de veículos para deslocamento de profissionais até os apiários mais afastados. Uma das sugestões foi a formalização de parcerias entre prefeituras e órgãos públicos para disponibilizar transporte aos técnicos.

A palestra integrou a programação de debates sobre os entraves da produção apícola, elaboração do Plano Preventivo contra Mortandade de Abelhas e o encaminhamento de propostas para fortalecer a apicultura mato-grossense. O seminário foi promovido pela SFA-MT/MAPA em parceria com o Conselho Regional de Medicina Veterinária de Mato Grosso (CRMV-MT) e diversas entidades públicas e privadas.

O evento reuniu representantes profissionais da área de saúde e ciências agrárias, de prefeituras, consórcios intermunicipais, instituições de ensino, órgãos de pesquisa e apicultores de várias regiões, com o objetivo de construir soluções práticas para o crescimento sustentável da cadeia apícola no estado.

A palestra está disponível no canal do CRMV-MT, no youtube.